Friday, May 4, 2007

I Luz e Percepção Visual

- Física da luz 5 paginas

A origem da luz
Espectro electromagnético
Interacção da luz e matéria
Efeitos naturais (Arco Íris Auroras celestes Azul do céu Sol Sombra)
A luz e o Homem
A luz e a Natureza


- Percepção visual 4 paginas

Percepção Visual
O olho humano e a sua reacção a luz
Percepção espacial


- Cor 8 páginas

Propriedades das cores
Temperatura de cor
Cores primárias, secundárias e elementares
Interacção de cores,
Adição e subtracção cromática
Filtros
Índice de reprodução cromático.


Física da luz

A origem da luz

A luz é a actividade do que é transparente, dizia Aristóteles (384-322 a.c.).
Empédocles (490-435 a.c.) defendia que a luz era uma substância fluida, transmitida pelo sol, e que por viajar tão depressa era impossível ser vista. Platão (428/27 a.C. — 347 a.C.), por sua vez, defendia que os olhos emitiam um raio visual que tocava o objecto. Só depois é que o objecto era visto. Como se os olhos fossem uma lanterna. O cientista árabe Alhazen (965-1039) contrapôs que se tínhamos de fechar as pálpebras ou desviar os olhos quando olhávamos para o sol então era porque algo entrava e não porque algo saía, como pretendia Platão.
A luz não tem volume. Por outro lado, os fotões, partículas que constituem a luz, não têm carga. Por isso, quando se juntam num espaço muito pequeno não se repelem, como acontece com os electrões que possuem carga negativa. Isto permite, em teoria, termos, num espaço limitado, um número infinito de fotões, uma quantidade ilimitada de luz.
Isacc Newton (1642-1727)descobriu que a luz visível podia ser dividida em raios mais finos, monocromáticos, com direcções e cores diferentes, e que esses raios já não se podiam dividir mais. Ele defendia que a luz era composta por crepúsculos (aquilo a que hoje chamamos fotões) que podiam distinguir-se pela sua frequência. Mais tarde esta intuição veio a ser confirmada com a descoberta dos raios infra-vermelhos e ultra-violetas. Descobriu-se que a luz visível representava uma parte muito pequena de todo o espectro electromagnético.
O espectro electromagnético é composto pelo conjunto de radiações que chegam à Terra emitidas pelo Sol, resultantes da combustão de gases nele existentes. Estas radiações podem ser produzidas artificialmente (vela, lâmpada, laser, rádio, gama, hertz etc.), divergindo apenas na frequência. Na parte visível do espectro essa diferença de frequência nota-se pela cor: o arco-íris. (Fig 1) É usada como medida geral o nanometro (nm) que representa um milionesimo de milimetro.

FIG 1

Durante muito tempo pensou-se que a luz se propagava por ondas. Ainda hoje se diz ondas electromagnéticas. No entanto diversas experiências provaram que era impossível a luz propagar-se por ondas e não por partículas.
Só no século XIX James Clerk Maxwell (1831- 1879) descobriu, através de várias experiências com electricidade e magnetismo, que ambos os fenómenos se moviam à velocidade da luz o que lhe permitiu concluir que a luz era igualmente uma onda electromagnética. Durante bastante tempo vingou um compromisso: a luz viaja em ondas mas ao atingir a matéria comporta-se como uma partícula.
No início do século XX o conhecimento científico acelerou e as permanentes descobertas tornaram quase impossíveis as certezas inquestionáveis.
Max Planck (1898-1947) ao fazer diversas experiências com radiações de calor descobriu que a luz embatia na matéria em pequenas porções (a que chamou quanta), como balas disparadas de uma metralhadora.
Com as descobertas de Albert Einstein (1879-1955) o conhecimento científico, sobretudo no domínio da Física, sofre um enorme abalo. Os progressos teóricos e os cálculos por si realizados permitem-lhe defender que o espaço e o tempo não são realidades absolutas mas variam em função da velocidade a que os fenómenos são observados. A relatividade de Einstein provava que, à medida que a observação dos objectos se aproxima da velocidade da luz o tempo abranda, e que, ao atingir essa velocidade, o tempo pára. Os conhecimentos da chamada física newtoniana, neste domínio, só são válidos para velocidades de observação muito inferiores às da velocidade da luz.
Se a luz for toda da mesma cor (monocromática), tem a mesma frequência, viaja portanto à mesma velocidade.
A compreensão do funcionamento das partículas constituintes da luz, e dos fotões em particular, não está completa. A parte da física que estuda os fotões e a luz, a mecânica quântica, adianta comportamentos previsíveis mas está longe de um princípio unificador. Afirmações como: a luz viaja em linha recta ou a velocidade da luz é constante, quando analisadas com mais pormenor são postas em causa por comportamentos “imprevistos” dos fotões quando em reacção com os electrões.
A luz só é visível quando interage com matéria (electrões). Nesse contacto podem acontecer quatro coisas: atravessar a massa de electrões e então dizemos que é transmitida; ser repelida e temos a luz reflectida; ser absorvida pelo objecto; ou então atravessar a massa de electrões mas mudar de direcção e dizemos que a luz foi refractada. Estas quatro características de reacção à luz por parte da matéria é que nos permitem dizer que um objecto é transparente, opaco ou translúcido.
É muito interessante perceber o olho como filtro de uma banda muito pequena do espectro electromagnético e notar que toda a percepção que temos do mundo se deve ao facto de ele ser sensível a essa banda e não ter capacidade para distinguir cada frequência por si, como tem o ouvido em relação a música.

A luz na natureza
Olhar para o que diariamente se passa à nossa volta é, sem dúvida, uma lição sobre luz. Reparar como um céu se modifica durante um dia e cria cores e texturas nas nuvens; ou como determinadas superfícies reflectem a luz; reparar nas alterações que a luz provoca na forma dos edifícios, montes e colinas; ou como as sombras provocam a mudança de forma de um objecto ou de um espaço…
Existem vários fenómenos na natureza em que a nossa percepção é levada a extremos. É o caso dos eclipses, auroras boreais ou o arco-íris. Estes fenómenos são puramente naturais. Apesar de terem explicação física, não perderam a capacidade de provocar deslumbramento e admiração.
Um pôr-do-sol tem uma enorme carga poética. Sentimo-nos perante algo demasiado grande para ser compreendido de uma forma apenas racional. Cria no observador um espaço e um tempo emocionais muito especiais. As alterações de cor da atmosfera ao longo do dia são um acontecimento que, por sua vez, influencia as cores das sombras naturais. Do azul mais puro aos tons de branco vistos durante o dia, a percepção de verdes e laranjas que se acentuam na aurora… O céu transforma-se num enorme ecrã em movimento com espantosos jogos de cor e forma.

A sombra
A sombra continua a ser uma imagem carregada de simbolismo, e o seu uso continua inquietante e objecto de estudos e interpretações. A sombra no dia a dia está carregada de luz reflectida tanto pela atmosfera como pela própria terra. De outro modo seria completamente negra. Os astronautas da missão Apolo que estiveram na Lua repararam que as sombras eram bastante mais negras do que estavam habituados. Isso devia-se ao facto de não haver atmosfera para reflectir a luz.
Perceptivamente existem dois tipos de sombra - a sombra própria e a sombra projectada. A sombra própria é parte integrante do objecto, é ela que cria a noção de volume e textura dos objectos. A sombra projectada é uma interferência de um objecto sobre outro. Através da sombra projectada uma casa atravessa a rua e atinge a casa da frente, uma montanha tapa aos poucos uma aldeia no vale. Desta maneira as sombras projectadas, provocando obscuridade, tornam os objectos possuidores de uma forma simbólica.
Mesmo em condições perceptivas muito favoráveis as sombras não são espontaneamente entendidas como um efeito da iluminação. Certas tribos da Africa Ocidental evitam atravessar um espaço aberto ao meio-dia. Têm medo de perder a sua sombra, isto é, que o sol lhes anule, praticamente, a sombra porque fica a seus pés. Quando se lhes pergunta porque não ficam amedrontados quando a noite destrói as sombras, tornando-as invisíveis, respondem que não há esse perigo porque à noite todas as sombras repousam na sombra do grande deus e readquirem de novo o seu poder e reaparecem fortes e compridas ao nascer do dia, depois da renovação da noite.
Assim como as sombras próprias definem os objectos, as sombras projectadas definem o espaço. A sombra projectada numa superfície define-a como plana e horizontal ou talvez como curva e inclinada, definindo assim o espaço que rodeia o objecto. A sombra ao ser projectada cria um segundo objecto com o qual vai ter uma relação perceptiva, criando um campo onde os dois objecto se influenciam. As sombras criam realmente espaço, definindo a diferença entre vertical e horizontal, por exemplo, e contribuindo para a percepção de outros factores como a forma, o tamanho e a perspectiva.
Porque o sol está muito afastado, ao incidir num espaço pequeno os raios vão parecer paralelos. A sua luz produz uma projecção isométrica da sombra do objecto, isto é, as linhas que são paralelas no objecto são também paralelas na sombra. No entanto os nossos olhos distorcem a sombra projectada, criando uma perspectiva isométrica. Por isso a sombra será vista como uma pirâmide convergindo ou divergindo do objecto conforme o ponto de vista do observador.
Uma fonte luminosa próxima do objecto produz um conjunto piramidal de raios e consequentemente sombras de formas físicas divergentes. Esta divergência objectiva será aumentada ou compensada pela perspectiva, dependendo do ponto de vista do observador em relação à sombra.
A iluminação também modifica a claridade homogénea do objecto, obscurecendo partes da sua superfície criando outras sombras próprias, modificando a imagem percepcionada.

O azul do céu
A luz branca como a do sol é constituída por uma mistura de todas as frequência (cores) visíveis. Quando a luz atravessa a atmosfera, é reflectida nas partículas de ar. A reflexão depende da constituição e tamanho das moléculas existentes na atmosfera. Essas moléculas reflectem dez vezes mais as frequências associadas aos azuis e deixam passar as frequências mais altas. Quando o sol se põe, a luz tem de atravessar camadas maiores de atmosfera, originando a reflexão das frequências azuis para uma parte do globo terrestre, enquanto os vermelhos laranjas continuam a atravessar directamente a atmosfera. É esta a razão que leva o céu a tomar os tons de azul durante o dia: é a parte do espectro visível mais reflectido pela atmosfera.

Auroras boreais
Reconhecidas desde há muito como fenómenos simultaneamente fascinantes e misteriosos, as auroras celestes constituem um dos espectáculos mais notáveis e intrigantes. Chamadas boreais se avistadas do pólo norte ou austrais se do pólo sul, inspiraram admiração, temor e reverência aos vários povos que habitavam junto dos pólos terrestres, onde os fenómenos são mais frequentes. Ainda não são totalmente compreendidas. São fenómenos electromagnéticos que ocorrem na alta atmosfera consequência da emissão de energia solar electromagnética. Em redor dos pólos da Terra as partículas energéticas (protões, electrões, iões…) provenientes do sol são atraídas pelo magnetismo e empurradas pelos ventos. Neste movimento colidem com as moléculas presentes na atmosfera. Desta colisão das diversas moléculas carregadas de energia produz-se a emissão de radiações de frequência diferente, provocando as várias cores vistas.
As auroras apresentam diferentes formas, desenhos e cores. A forma mais frequente é em arco. No que respeito às cores, as tonalidades vermelhas aparecem na atmosfera entre os duzentos e os quinhentos quilómetros de altitude. O verde e o azulado aparecem entre os 90 e os 250 quilómetros acima da superfície terrestre. Essas tonalidades podem, no entanto, surgir alteradas devido à absorção e reflexão da luz pelas gotículas de água presentes nas nuvens, que, normalmente estão, no máximo, a 10 quilómetros de altitude. As auroras podem surgir entre os 60 e os mil quilómetros.

O sol
O sol emite por vezes fortes ondas magnéticas influenciando o comportamento da luz com a matéria. É totalmente composto por gases. A camada visível denomina-se fotosfera. No entanto, o sol não possui superfície propriamente dita. O seu campo magnético estende-se até aos últimos planetas do nosso sistema solar. Na terra há poucos materiais que sejam bons condutores, enquanto no sol tudo proporciona a condução eléctrica, pois não existem muitos átomos neutros. A energia libertada pela fusão constante dos diversos átamos é transportada para longe em forma de raios gama. O núcleo do sol é tão denso que um fotão pode demorar centenas de milhões de anos a atravessar uma distância de 700 quilómetros. O fotão mal se consegue deslocar sem embater contra alguma partícula sub-atómica, na qual se dispersa ou pela qual é absorvido e reemitido, provocando uma série de reacções que culmina na libertação e emissão do fotão em luz visível.

Eclipses
Um eclipse do Sol ocorre quando a Terra passa pela sombra da Lua. A órbita elíptica da Terra e a Lua provocam dois tipos de eclipses: anelar e total. Um eclipse total só acontece quando há lua nova, quando a Lua está directamente alinhada com a Terra e o Sol. Quando o eclipse total acontece a sombra da Lua cobre apenas parte da superfície terrestre produzindo uma sombra chamada umbral e outra chamada penumbra. Na primeira nenhuma luz é observada, enquanto na penumbra existe luz reflectida pela Lua e atmosfera.
Cada cultura desenvolveu as suas próprias interpretações dos eclipses. Mas foram os Babilónios que, há mais de dois mil e quinhentos anos, descobriram a periodicidade dos eclipses que se mantém válida até aos nossos dias. Observaram que no intervalo de oito anos e dez dias o Sol regressava ao ponto onde a Lua, Terra e Sol se encontravam exactamente no mesmo eixo. Crenças ocidentais defendiam que um dragão devorava o Sol, causando assim um eclipse. Para assustar e afastar o dragão, e restaurar a luz, era costume fazer barulho, com tambores e cantos e atirar setas contra o céu. O nosso hábito de, na passagem do ano, bater em tachos e panelas, é um resto dessa memória. Não nos esqueçamos que a passagem de ano é muito próxima do solstício de Inverno e é preciso deitar fora o Inverno, o escuro, para que a Primavera apareça.

Luz e o homem

Simbologia e Mitologia da luz

“Olhar e interpretar o céu sempre foi um instinto primário do Homem sendo uma forma de se integrar no contexto do universo. A partir do momento que estabeleceu relações entre a alternância do dia e da noite e o movimento dos céus o fascínio pela astronomia desenvolveu-se, tentando perceber os movimentos regulares que aconteciam. As civilizações antigas através da mitologia construíram uma sabedoria acerca do céu que era muito mais avançada do que o mundo em que viviam. Durante milhares de anos, e em diversas culturas, a religião esteve intimamente ligada a astronomia formando um elo entre o céu e o homem, que foi expresso em diversos mitos e historias, rituais e cerimonias, templos e lugares míticos.
É normal tratar o mito como ficção (algo que não é verdade), no entanto, o mito é uma forma especial de história, que tenta interpretar o mundo que nos rodeia. Pode explicar a origem do universo e do homem, ou pode explicar os valores morais de uma determinada cultura em termos humanos. Na maioria dos casos os mitos destinam-se a perceber os poderes que controlam a vida e a relação desses poderes com o Homem. No entanto levar essas histórias de uma forma literal é não perceber a forma e o conteúdo, os mitos precisam ser lidos de forma metafórica. A metáfora usa imagens e conceitos de uma determinada área para explicar fenómenos de outra área, criando paralelos e ligações entre ambas. As metáforas podem ser também vistas como forma de imaginar a realidade. Através do mito podemos participar no todo, do qual uma vida humana é apenas uma parte. Apesar de os mitos serem religiosos na sua origem e função, podem ser também vistos como formas de História, ciência ou filosofia.”
A criação de mitos estão entre as primeiras formas da Humanidade tentar explicar algumas das questões mais profundas acerca da natureza e da origem do universo. Na cosmogonia de diversas culturas arcaicas, a dualidade primordial entre a vida e a morte sempre foi associada a duas fontes de luz diferentes, o sol e a lua. Cada um exercia o seu poder sobre diferentes domínios. Um controlava o dia e o outro a noite, no entanto, juntavam-se ciclicamente numa dança infinita.
“Na nossa era de urbanismo e luz artificial, é difícil perceber a importância que o céu tinha para os nossos ancestrais. Já não é necessário olhar para o céu para perceber que horas são e em que altura do ano se está. Ao tornarmo-nos uma sociedade industrial, conseguimos tapar o céu, desvalorizando um dos componentes mais fortes da nossa história cultural, – A principal diferença entre o homem arcaico tradicional e o homem da sociedade moderna… reside no facto em que o primeiro afirma-se ligado ao cosmos e as suas forças e ciclos, e o segundo diz que apenas está ligado a História”
Mircea Eliade
A luz como símbolo é usada em, praticamente, todos os sistemas mitológicos das civilizações antigas. O sol esteve sempre associado ao aparecimento do mundo e por conseguinte aos primeiros deuses fundadores. Em vários mitos cosmogónicos o mundo conhecido está subdividido em áreas de influência, desde o mundo da água, passando pela terra, ar e finalmente o firmamento. As primeiras tentativas de explicação racional do universo, a chamada filosofia pré-socrática, retoma estes elementos primordiais, existentes no mito. Temos tentativas de explicação que dizem que a origem de tudo é o ar, (Anaxímenes, séc. VI, a.c.) ou a água (Tales de Mileto, séc. VII/VI, a.c.: “ a água é o princípio de todas as coisas”), ou uma combinação dos quatro elementos (Empédocles- 490-435,a.c.).
Antigas concepções sobre a origem dos poderes divinos estão intimamente ligadas à luz do sol, que alimenta tudo o que é puro, vida e alegria. Os deuses são apresentados como possuidores de poderes indefinidos, tomando várias formas nos diferentes rituais, mas sempre associados aos poderes da natureza. Por vezes o sol é o conquistador da luz e calor, necessário à vida, que todos os dias é roubado por outros deuses, por um viajante que atravessa o céu diariamente, procurando chegar a sua casa no oeste e nesse caminho encontra-se com a sua mulher, a noite. Outras vezes o sol é o filho da madrugada e da noite, é o fruto dessa união.
Em certas tribos incas consideravam o sol um prisioneiro obrigado a percorrer sempre o mesmo percurso, como se estivesse preso por uma corrente que não o permitisse vaguear à vontade pelos céus.
O sol parece estar quase sempre associado à masculinidade, muitas vezes por oposição à lua, à noite e à feminilidade. São estes dois aspectos da vida, luz/escuridão, que vão alimentar muitos mitos e muitas histórias.
Grande parte dos locais de culto possui condições naturais muito marcantes e peculiares. Desde lugares de observação das estrelas e do caminho da luz até a lugares que pela sua localização geográfica criam condições especiais para uma ligação ao sagrado. O sol e a luz sempre foram, para o homem, um símbolo de algo primordial. Nas sociedades sul americanas havia certas pirâmides que tinham marcado desde o topo até ao chão o caminho que a luz efectuava desde o nascer do dia. No momento em que o sol atingia o solo, podiam iniciar-se as trocas comerciais.
Havia templos construídos de maneira a captar o raio do sol no momento em que ele se põe ou em locais que permitissem observar determinados acontecimentos nas conjugações dos planetas. São edificações que o Homem sempre fez e continua a fazer para observar e, assim, fazer parte consciente do Universo.
Segundo a Bíblia, livro do Génesis, a luz apareceu no primeiro dia, enquanto a lua o sol e as estrelas só apareceram no terceiro. Em entrevistas de Piaget com crianças, uma de sete anos afirmou que é o céu que produz a luz “o sol não é como a luz. A luz ilumina tudo, mas o sol apenas ilumina onde ele está ”. Isto corresponde à maneira como vemos normalmente o mundo que nos rodeia: a luz que se reflecte nos objectos iluminados é vista como uma característica própria e não como um atributo do sol ou outra fonte luminosa; a noite não é vista como retirada de luz mas sim como uma outra luz “escura com características próprias.”
A luz tem grandes efeitos psicológicos assim como fisiológicos, tem uma influência directa na libertação de uma hormona (melanina) controladora dos ritmos circadian, que são produzidos pela glande pineal. Estes ritmos são responsáveis pelo acordar e dormir. Indicam ao corpo para estar alerta ou para iniciarem um processo de abrandamento para o sono. A melanina é a principal hormona interveniente neste processo. Grandes intensidades de luz aumentam os nossos ritmos circadian, mantendo-nos atentos e alerta, no entanto, a luz artificial não consegue de maneira tão eficaz como o sol a produção da melanina. As frequências do espectro mais importantes ao ser humano encontram-se entre os 290nm e os 770nnm. O envermelhecer da pele e síntese de vitamina D ocorre entre os 290 e os 315nm. O brozeamento da pele e a redução de cáries dentárias entre os 280 e os 480. A visão é mais sensível a luz entre os 500 e os 650nm (amarelo – verde ). Luz natural providencia a energia espectral necessária a todas estas funções biológicas. Florescentes que abrangem o espectro todo, igualmente providenciam todas as energias necessárias, contudo a níveis muito mais baixos que a luz natural.

Percepção visual

Ver significa captar algumas características proeminentes dos objectos – o azul do céu, a curva de um pescoço de cisne, a rectangularidade de um livro, o brilho de um pedaço de vidro, a rectitude de um cigarro.
Através de o uso de algumas linhas, brilhos ou cores precisas, torna-se bastante fácil perceber o objecto representado. Como o faz o caricaturista, ou o teatro de sombras.
Rudolf Arnheim

Capta-se o objecto como padrão, como uma figura total. A análise do pormenor dentro do padrão vai originar a construção de um novo padrão que por sua vez poderá conter um novo padrão, como se observássemos por uma lente, constantemente ampliando ou diminuindo, focando ou desfocando. Quando olhamos uma pessoa a nossa frente, a imagem torna-se num padrão que facilmente entendemos (tronco cabeça e membros), quando se aproxima e olhamos apenas para a cara voltamos a criar outro padrão (olhos, nariz, cabelos cor de pele) em que a informação é agrupada, se focarmos apenas num olho voltamos a criar um conjunto de informação centrada na ideia de olho (íris, pestanas, pele, cristalino).

Quando falta à coisa observada essa unidade de padrão reconhecível, isto é, quando apenas vemos um aglomerado de partes não relacionáveis, o todo torna-se incompreensível.
A imagem é determinada pela totalidade de experiências visuais que tivemos com aquele objecto, ou com aquele tipo de objectos durante toda a nossa vida. (memória visual)

Quando o estímulo é fraco, o poder organizador da percepção torna-se mais importante e decisivo. Em ambientes em que a luz é bastante fraca, não permitindo uma clara percepção das formas cores e outras propriedades do objecto, o poder interpretativo da percepção torna-se mais livre, o que origina um maior poder de invocação de imagens.
Ao vermos as torres de uma igreja ao longe, parece-nos que a sua forma toma contornos arredondados, apesar de serem rectos, este fenómeno acontece pela impossibilidade da percepção clara dos pormenores do objecto tornando-se uma massa que assume a forma mais simples à percepção, o circulo. No entanto a fraqueza do estímulo permite-nos a projecção de outras formas através de um processo mais consciente, se nos disserem que as torres tem uma forma ondulada podemos facilmente acreditar e quase vislumbrar que realmente assim é, apesar das torres se manterem rectas. A distância no tempo tem o mesmo efeito que a distância no espaço, quando o estímulo real desaparece os traços mnemónicos remanescentes enfraquecem.

O olho
A visão é responsável por 80% da informação que recebemos.
Leonardo da Vinci (1452-1519) apercebeu-se que o olho era como uma câmara escura, (uma invenção de Alhazen) fazendo passar a luz através de um orifício colocado num compartimento escuro, observou uma imagem invertida projectada sobe a parede oposta ao orifício. Mais tarde Descartes (1596-1650), através da dissecação de um olho-de-boi, raspou parte da parede onde era projectada a luz e pode observar a inversão da imagem. Que lhe permitiu concluir que acontecia uma correcção da imagem a caminho do Cérbero, de forma a permitir uma correcta visão da realidade.
FIG 2

Os seres humanos não conseguem ver grande parte da radiação emitida pelo sol (espectro electromagnético), entre os quais estão os raios x, raios gama, ondas radiofónicas etc. Ao chegar ao olho as ondas luminosas são focalizadas de forma a passar pela córnea e pelo cristalino até atingirem a retina, que com um revestimento de diversas células fotossensíveis interage com os nervos a eles ligados provocando diversos impulsos neuronais que são transmitidos ao cérebro. Essas células fotossensíveis estão divididas em dois grupos, bastonetes e cones, cada um sensível a uma qualidade diferente de fotões (partículas de luz). Os bastonetes apenas são sensíveis à quantidade de luz que os atinge, sendo por isso responsáveis pela indicação de níveis de luminosidade e estão presentes em maior numero na orla da retina sendo menos numerosos no centro o que provoca que em ambientes de baixa luminosidade tenhamos maior visão e discernimento de formas na orla do campo visual e menos no centro. Os cones são sensíveis a partes específicas do espectro electromagnético sendo responsáveis pela percepção da cor. Pensa-se que estejam divididos em três grupos, cones verdes sensíveis a um leque que terá o centro nos 530 nanómetros (principalmente verdes) os cones vermelhos sensíveis a ondas de comprimento longo e os cones azuis sensíveis a comprimentos mais curtos do espectro. Quando vemos um objecto de cor branca é de notar que os três cones estão a ser estimulados ao mesmo tempo, o que não acontece quando vemos um objecto amarelo em que sobretudo são os cones vermelhos e verdes que estão a ser estimulados.
Os nossos olhos são sobretudo sensíveis a cor verde pois são os comprimentos de onda do meio do espectro visível. Talvez não seja coincidência que os verdes sejam os comprimentos de onda menos absorvidos pela nossa atmosfera, e a cor mais presente nos organismos que se alimentam directamente da luz solar.
Em cada olho humano existem cerca de 125 milhões de bastonetes e cones que tem a capacidade de detectar meia dúzia de fotões, e cerca de um quinto do nosso Cérbero destina-se a gerir os mecanismos que nos permite aperceber do mundo visual.
Vale a pena referir que os objectos não têm uma cor inerente. Nós dizemos que um objecto é vermelho, mas seria mais correcto afirmar que a substância que o compõem reflecte o comprimento de onda vermelho e absorve todos os outros.
Os cones e bastonetes são apenas sensíveis aos comprimentos de onda situados entre os 400 e os 750 nanómetros, no entanto existem diversos comprimentos de onda que são captados por outros animais e pelo próprio homem se for ajudado por certa aparelhagem. No caso das radiações infravermelhas se pudéssemos ver, teríamos imagens sensíveis ao calor, sendo todos objectos possuidores de calor detectáveis através do brilho.
É frequentemente observado que um lenço à meia-noite parece branco como um lenço ao meio-dia, embora ele envie menos luz aos olhos que um pedaço de carvão sob o sol do meio-dia. A claridade que vemos depende, de um modo complexo, da distribuição da luz na situação total, ópticos e fisiológicos nos olhos e sistema nervoso do observador, e da capacidade física de um objecto em absorver e reflectir a luz que recebe. Esta propriedade física é chamada de luminância. É uma propriedade constante de qualquer superfície. Dependendo da força da iluminação, um objecto reflectirá mais ou menos luz, mas sua luminância, isto é, quantidade de luz que ele reflecte, continuará a mesma.
Perceptivamente, não há maneira directa de distinguir entre o poder reflectivo e a iluminação, uma vez que o olho recebe apenas a intensidade resultante da luz, mas nenhuma informação sobre a proporção na qual os dois componentes contribuem para este resultado. Se um disco escuro, suspenso numa sala fracamente iluminada, for atingido por uma luz, o disco parecerá de cor clara e luminosa. A claridade ou luminosidade parecerão como propriedades do próprio objecto. Se, contudo, se iluminar mais a sala, o disco parecerá proporcionalmente mais escuro e mais integrado no meio ambiente, retirando deste a sua iluminação. A claridade que se observa num objecto depende da distribuição dos valores da claridade no campo visual total.
Em relação à distinção perceptiva que o homem consegue fazer da cor ela pode atingir entre 100 e 200 tons distintos, no entanto não conseguimos conceptualmente usar muitos mais que 6. O que torna bastante difícil o uso de um alfabeto de cor como se utiliza por exemplo com as letras. O olho ao contrário do ouvido (se for treinado) não consegue distinguir as diferentes frequências de espectro que estão numa cor composta, apenas com muita prática e experiência intui quais os tons que compõem determinada cor.

Um dos aspectos a ter em conta na percepção da cor é a qualidade e quantidade da luz, que pode alterar completamente a nossa capacidade de distinguir um tom correctamente. Um exemplo é o uso durante séculos de vitrais nas igrejas, que nos leva a uma incapacidade nos nossos dias de perceber completamente o efeito pretendido em certas obras. A íris ao corrigir a quantidade de luz que entra no olho provoca reacções distintas dos cones à cor. Com maior luminosidade os vermelhos tendem a tornar-se particularmente claros e quando existem níveis deficientes de luz os verdes e azuis tendem a ganhar maior importância, mas provoca igualmente um esbatimento das cores com tendência a tornarem-se esbranquiçados.

Existe um factor perceptivo igualmente importante a ter em conta em relação a cor. Com base em várias experiências feitas por pesquisadores parece haver uma atitude mental/perceptiva distinta na captação da forma e da cor. Enquanto a forma obriga a uma atitude activa por parte do sujeito a cor permite uma atitude mais receptiva. O que justifica a escolha de não usar cores em vários campos artísticos (cinema, pintura, teatro, design gráfico e industrial) quando se pretende passar um conteúdo bastante claro e preciso em que a cor poderia desviar a atenção provocando uma atitude receptiva/passiva.

Percepção espacial

Ver a realidade em três dimensões não nos apresenta nenhuma dificuldade, no entanto quando aprofundamos um pouco o estudo sobre a percepção visual da profundidade, chegamos a um ponto de partida em que a percepção tridimensional é um processo mental abstracto pois toda a informação que obtemos do exterior é bidimensional. A tridimensionalidade tem origem na própria imagem e é interpretado pelo olho/mente.

“O principio básico de percepção em profundidade provem da lei da simplicidade e indica que uma forma parecerá tridimensional quando pode ser visto como a projecção de uma forma tridimensional que é estruturalmente mais simples que uma bidimensional”
Rudolf Arnheim

Esta provado através de experiências que a visão estereoscópica (com dois olhos) tem um indicador próprio de distancia dos objectos, que já esta presente desde que nascemos. Esse indicador esta intimamente ligado com os músculos que prendem e rodam o globo ocular assim como os que controlam o movimento da íris e da curvatura do cristalino que serve de lente ao olho. Nas artes é utilizado quando os olhos do observador ou uma camera se movimentam de uma posição para a outra aumentando o efeito de profundidade dos sólidos percebidos.

A relação do homem com o espaço tem-se alterado ao longo do tempo, no entanto existem regras de percepção visual que regem a nossa interacção com o espaço que podem ser identificadas e que pertencem a campos tão diferentes como a acústica, geometria, forma, cor e a luz. Todos estes factores, dependendo do contexto, tornam-se determinantes na nossa percepção de algo concreto (figura) na sua relação com o todo (fundo).
A relação que um espectador mantêm com um palco, esta dependente de todos os factores acima descritos, assim como do actor e do texto. Um espectador pode estar num momento a olhar para um interior de uma carruagem de comboios e depois para um campo de girassóis, para tal apenas é necessário que algo aconteça que nos provoque essa sensação. No caso da luz pode ser uma alteração de um foco delimitando uma área pequena para uma parede de fundo iluminada (para não dar exemplos mais complicados). O que nos permite aceitar e defender uma alteração de espaço tão radical? Em teatro o espaço depende muito de um processo mais ou menos consciente de interpretação de sinais, A convenção torna-se um factor determinante na concepção de espaço e ambiente.
Quando aplicadas ao teatro as regras visuais de percepção do espaço tem extrema importância na criação da unidade que vai reger todo o espectáculo, seja num espectáculo com cenários com diversos planos, linhas e cores onde o todo tem de se tornar harmonioso com os actores e a própria convenção, seja num espectáculo ao ar livre em que apenas um quadrado branco é suposto representar um barco e em seguida uma nuvem.
A relação do espectador com o espaço não é uma relação dialéctica estática mas sim activa, ao longo das civilizações e dos tempos essa relação tem sido explorada de diversas formas, sendo normalmente um reflexo de vários factores físicos, culturais e sociais, no entanto a luz sempre desempenhou um papel fundamental nessa relação, assumindo diferentes significados e aplicações.

A cor

A cor é o resultado de uma relação fisiológica geralmente provocado por um estímulo e resultante interpretação.
Há três tipos de foto receptores na retina que são sensíveis a partes diferentes do espectro electromagnético, são chamados “ cones”, os três receptores têm bandas de recepção diferentes mas em parte sobrepostas, o que cobre todo espectro “ visível ”.
Existe um outro género de foto receptores que é responsável pela sensibilidade ao brilho e intensidade, chamado “ bastonetes “.
Através de impulsos os nervos transportam a informação dos receptores até ao cérbero.

Cores elementares são oito e correspondem aos três receptores (cores primárias), as cores secundárias (cores originadas pela soma de duas primárias), mais o preto e branco.

Cores primárias na luz são o azul (448 nm), verde (518 nm) e vermelho (617 nm.). As cores primárias formam uma unidade harmoniosa que na luz (ou adição de cores) toma a forma de branco.
Quando num tom não existe a presença de uma primária o tom parece de alguma forma incompleto, a tensão originada por essa lacuna cessa logo que essa cor é acrescentada.
As primárias constituem o único grupo de cores puras pois no azul não existe nada de vermelho, no verde não existe nada de vermelho e no azul não existe nenhuma das outras duas. Podemos pois generalizar que uma cor está sempre incompleta e em tensão (sem contar com o preto e branco) e é essa tensão que vai gerir as interacções da cor.
Através da combinação de duas primárias chegam-se as secundárias também chamadas de complementares. A adição de apenas duas secundárias resulta no Branco (pois apenas duas secundárias obriga a existência das três primárias), sendo uma das razões para os sistemas de adição de cor profissionais preferirem o uso das secundárias ás primárias. O uso de pares de complementares é bastante usado para conseguir efeitos de contraste forte e de harmonia pacífica. Chama-se par complementar a justaposição de uma dás três primárias à secundária composta por as outras duas primárias. É o caso do vermelho/azul - esverdeado, Azul/amarelo ou verde/magenta. Exemplos do uso de pares de complementares podem ser observado na pintura de Van Gogh, quando ele expressou a sensação das quatros estações do ano através do uso de vermelho e verde para a primavera (botões de macieira e o trigo ainda verde), azul e laranja para o verão (o azul do céu e o bronze dourado da espiga madura), o amarelo e magenta do Outono (as folhas das arvores), e o preto e branco para o Inverno. De notar que tanto na pintura como em todas as actividades que lidam directamente com a subtracção da cor, o verde é substituído pelo amarelo, de forma a conseguir criar um trio gerador de todas as cores possíveis.
Por mais subjectivas que estas comparações nos pareçam, os pares complementares não deixam de ter uma interacção que dificilmente é igualada por qualquer outro par de cores, e principalmente um equilíbrio que nos espantam e tocam como espectadores.

A criação de sistemas de cor tem geralmente o objectivo de analisar e normalizar as interacções entre as cores. Conforme a tendência e formação do autor os sistemas ou teorias vão abordar questões tão vastas como a correspondência entre a cor e o som, o significado e sensação de cada cor, as interpretações cerebrais e a sua correspondência com a percepção visual, a história da cor, a ergonomia cromática, cromotrepia etc. Todas elas conforme a informação disponível e o assunto abordado podem ajudar muito a compreensão de todo o fenómeno físico e sensorial da cor.


Adição de cor representa o processo através do qual misturamos duas ou mais cores. Esse processo realiza-se pela soma de fontes de luz distintas numa determinada superfície. Para obtermos a cor amarela necessitamos de ter uma fonte luminosa de cor verde e uma fonte luminosa vermelha a apontar para a mesma superfície. A adição de cor tem como ponto de saturação o branco, que representa a soma da totalidade de cores presente no espectro electromagnético.
Através das três primárias é possível “virtualmente” conseguir qualquer tom em qualquer luminosidade. No entanto existe várias condicionantes que é preciso ter em conta, de forma a optimizar o sistema de adição. Os filtros tem níveis de transmissão (quantidade de luz que deixam passar) diferentes, o que origina que para haver níveis de luz equilibrados seja necessário que as potencias dos vários projectores tenham em conta os diversos graus de transmissão de luz. Por exemplo o Amarelo primário (L101) tem 80% de transmissão, portanto 80% do total da luz emitida pelo projector vai atravessar o filtro, mas já o Magenta (L113) só possui 10.9%, o Verde (L124) 29.7, o azul (L132) 8,3% e o vermelho (L164) 18%. Todos os exemplos são tirados do catálogo da LEE, uma das principais marcas de filtros disponíveis no mercado. Além do nível de transmissão um dos principais inconvenientes da adição de cor numa superfície está relacionada com a distância entre a fonte e a superfície a iluminar. Tem de ser suficientemente longe para permitir uma mistura homogénea dos diversos tons e não pode ser demasiado afastada de forma a baixar os níveis de luminosidade que alcançam o ecran. De notar que a adição cromática origina sempre uma cor com um nível luminoso superior a qualquer uma das cores usadas na mistura.

Subtracção de cor em luz é geralmente alcançado pelo o uso de filtros coloridos que vão retirar parte do espectro à luz branca emitida pelo projector, provocando a alteração da cor, e tendo o preto como ponto de saturação. Basta sobrepor duas secundárias na mesma fonte de luz para alcançar o preto, pois em duas secundárias estão obrigatoriamente três primárias.
Em iluminação pode-se usar os dois sistemas de mistura de cor (adição e subtracção) para trabalhar a cor, mas tornou-se mais vulgar, porque mais prático, o uso de apenas uma fonte de luz (no caso de iluminação convencional) para chegar a determinada cor, sendo o filtro de celulóide o meio mais usual, pois tem gamas de cores bastante vastas assim como a possibilidade de outro tipo de correcções ao espectro luminoso.
No entanto a subtracção de luz é mais comum do que se pensa. Quando apontamos um projector a uma parede que foi previamente pintada de vermelho o que vai acontecer é que essa parede apenas vai reflectir parte do espectro que se encontra na tinta (vermelho) e vai absorver todo o resto da luz que não pode reflectir.
Quando realizamos a subtracção de cor por meio de filtros ou por qualquer outro meio, efeito Bezold, roda de cores, luz reflectida, mistura de pigmento etc., a cor que a mistura origina é obrigatoriamente mais escura que qualquer uma das cores usadas na mistura, pois estamos a subtrair partes do espectro electromagnético, originando uma quebra na luminosidade.

Existem três propriedades da cor: o tom (vermelho, azul etc.), a saturação (quantidade do tom), e a luminosidade.

Existem filtros de cor, filtros difusores, filtros corretores de temperatura de cor, polarizadores, conversores, reflectores e corretores de intensidade (neutral densety).
Os reflectores são usados como superfícies reflectoras de luz, colocam-se afastados da fonte luminosa e com determinado ângulo de forma a permitir direccionar a luz para o local pretendido, o grau de densidade e forma provocam uma alteração na direcção dos raios luminosos originando uma luz mais suave ou “dura” conforme a rugosidade da superfície. Essa dureza ou suavidade é claramente visível na forma que as sombras tomam, à uma luz mais dura corresponde uma sombra bem definida com os contornos bem delimitados (como encontramos num dia de sol sem nuvens). Uma luz suave vai originar uma fraca distinção das sombras com uma maior suavidade entre as partes iluminadas e as escuras (como num dia em que o céu está coberto de nuvens).
Além dos mais comuns filtros em plástico celuloso, existem outros tipos profissionais e caseiro que vão desde os mais caros; os filtros dicroicos calibrados para apenas deixar passarem uma parte muito especifica do espectro e que possuem grande capacidade de resistência ao calor; filtros caseiros compostos por apenas líquidos coloridos colocados em determinado recipiente estanque e resistente a temperaturas; até aos diversos materiais usados na construção por engenheiros e arquitectos.
A informação do grau de reflexão, parte do espectro a usar, percentagem de transmissão de luz, referência assim como outras informações úteis, está indicado pelo fabricante nos diversos catálogos disponíveis.

FIG 3
A temperatura de cor é medida em graus Kelvin (K) e é uma escala padrão que corresponde ao aquecimento de um corpo negro (corpo com caractristicas abstractas num ambiente controlado), e a cor que esse aquecimento provoca. Tendo como exemplo um pedaço de ferro numa forja ao iniciarmos o aquecimento o ferro produz tons avermelhados/alaranjados, quanto mais aquecermos mais tenderá a tornar-se azul e depois branco.
A escala de temperatura de cor serve para podermos classificar as diversas fontes luminosas, incluindo um céu ao meio-dia.
A Temperatura de cor é igualmente uma propriedade a ter em conta na escolha de projectores. Diferentes lâmpadas vão originar temperaturas de cor diferentes, que terão de ser corrigidas caso o objectivo pretendido seja a homogeneidade. No entanto é uma das propriedades que nos poderá ajudar mais no caso de pretendermos uma luz realista, ou seja, conseguir um raio de luz o mais idêntico ao raio do sol. Toda a gama de correctores disponível no mercado, C.T.O. (para baixar a temp. de cor) e C.T.B. ( para subirmos a temp. de cor ) vai permitir o controle da cor da luz, de forma a conseguir-se efeitos o mais aproximados a realidade possível.


1500 K luz de vela
2680 K lâmpada incandescente 40 W
3000 K lâmpada incandescente 200 W
3200 K Pôr/Nascer do sol
3400 K lâmpada de tungsténio
3400 K à uma hora do nascer/pôr-do-sol
5000-4500 K lâmpada de xénon
5500 K dia de sol por volta do meio-dia
5500-5600 K flash electrónico
6500-7500 K céu enublado
9000-12000 K céu azulado

Indice de Reprodução de cor (CRI)

Para ajudar a indicar como irão aparecer as cores sob difrentes fontes de luz, foi criado um sistema que matematicamente compara como determinada luz desloca a percepção de oito tons especificos na versão C.I.E. comparando os mesmos tons iluminados com a mesma temperatura de cor. Se não houver qualquer modificação na aparencia das cores a fonte luminosa em questão possui a CRI (Colour Rendering Index) de 100.
Uma lampada incandescente por defenição tem um Index de renderização da cor muito perto dos 100 isto não quer dizer que a lampada incandescente é uma fonte perfeita para a renderização da cor. Não é. É muito fraca nos tons azuis. Por outro lado, a luz de dia do ceu do norte a 7500k é fraco nos vermelhos, portanto não é igualmente uma fonte perfeita para reprodução de cor. No entanto tem igualmente um indice de renderização de cor muito perto dos 100.
O Indice de reprodução de cor (CRI) é bastante utíl se for usado dentro das suas limitações. Originalmente o indice de reprodução de cor foi criado para comparar fonts de luzes com indices superiors a 90 porque a baixo dos 90 é possivel ter duas fontes luminosas com o mesmo inice de cor mas com reproduções de cor muito difrentes. Ao mesmo tempo cores iluminadas com fontes de luzes que diferem 5 pontos ou mais podem parecer iguais. Cores vistas sob fontes á base de mercurio GE Multi-Vapor halidos metálicos ou Lucalox Sódio de alta pressão poderão reproduzir melhor a cor do que os valores indicados no CRI. No entanto algumas flurescentes poderão ter valores muito altos de CRI e distorcer detereminadas cores.
Tecnicamente o Indice de Reprodução de Cor (CRI) só poderão comparar fonts luminosas com a mesma temperature de cor, no entanto como regra geral quanto maior o indice melhor. Fontes luminosas com indices entre os 80-100 tendem a tornar objectos e pessoas com melhor aspecto.
Porque usar o Indice de Reprodução de cor se existem tantos defeitos? Porque é o unico indice aceite internacionalmente e que serve de guia na comparação entre diversas fontes luminosas. Será usado equanto a comunidade cientifica ou comercial não chegar a um outro sistema de medição mais exacto em relação ao que vemos.
Alguns exemplos de indices de reprodução de cor (CRI)
0-18 Sódio de baixa pressão
17 Mercúrio
25 Sódio de alta pressão
45 Mercúrio deluxe
55 Branco quente fluorescente
65 Branco frio fluorescente
73 Fluorescente branco quente Deluxe
79 Fluorescente luz de dia
85 Vapore de metal 4200K
86 Fluorescente luz fria deluxe
93 Vapor de metal 5400K
100 Lâmpada incandescente 100w

FIG 4

Destribuição do espectro visivel, permite a visualização de cada cor reproduzida pela fonte luminosa. Mostram o poder de radiação emitido por cada frequencia dentro da região visivel (380 aos 70nm)

FIG 5
Lampada de mercurio

FIG 6
Lampada vapores metálicos

FIG 7
Lampada sódio baixa pressão

FIG 8
Lampada flurescente

FIG 9
lampada incandescente
A subjectividade é um dos factores mais importantes da cor, todo o seu estudo o parece confirmar. Desde o nome das cores, ao discernimento de uma cor por várias pessoas, regras de harmonia, interacção ou classificações confirmam a inexistência de uma regra de ouro ou conceito unificador que muitos pretenderam. No entanto o exame de vários aspectos da cor podem ajudar a aceitar e potenciar essa subjectividade.


Interacção da cor
Um dos factores mais importantes no estudo e uso da cor é a sua subjectividade e dependência do meio envolvente. Quando falamos em espaço e dimensões apercebemo-nos que representações unidimensionais não são possíveis em termos práticos pois um elemento é sempre percebido por contraste com o seu contexto (um ponto negro num quadro é sempre relacionado com o espaço que vai até a moldura e a moldura relacionada com a parede onde está pendurado etc.). Com a cor passa-se o mesmo fenómeno, um amarelo pode ter uma determinada qualidade em termos de saturação, brilho ou mesmo de frieza que é completamente destabilizado se colocar-mos um laranja ao lado. Um amarelo puro (sem ser influenciado por nada) é apenas uma possibilidade teórica sem aplicação prática.
Quando pretendemos encontrar um sistema de significados e sensações objectivas para cada cor de alguma forma esbarramos numa impossibilidade prática devido a incapacidade de uma cor manter as suas qualidades e propriedades independentemente do contexto em que está inserida.

O estudo da interacção da cor baseia-se no reconhecimento da relatividade da cor e na compreensão das relações entre as cores a partir da observação prática de exemplos que ilustram princípios de interacção. O conhecimento teórico da física, psicologia assim como da óptica é deixada a quem de direito (físicos, psicólogos, e ópticos) de forma a criar um manual de interacções baseado principalmente na experiência visual, observada e comprovada por repetidas observações. Para tal são consideradas algumas variáveis determinantes na percepção das cores:
Intensidade da cor ou luminosidade, matiz ou brilho, forma ou localização espacial da cor no campo visual e também a quantidade que a cor ocupa no campo visual que muitas vezes é determinante na alteração das relações que as cores mantêm entre si.

As cores são aprendidas diferentemente de pessoa para pessoa, é uma afirmação que dificilmente se pode negar. Quando falamos de um determinado vermelho nunca podemos ter a certeza de estar a falar exactamente do mesmo vermelho. O exemplo da coca-cola é paradigmático dessa impossibilidade. Apesar do vermelho ser o mesmo em todo o mundo se tivéssemos que escolher entre vários vermelhos o correcto, é mais que certo que apareceriam tantos tipos diferentes como o nº de pessoas a escolher, mesmo que o vermelho tivesse sido mostrado momentos antes. E mesmo se tivermos uma amostra presente o mais certo seria aparecerem várias variantes, mais ou menos parecidas com a cor original.
Alem de factores físicos e psicológicos que poderiam justificar esta diferença, para o estudo da interacção da cor o factor mais importante é o contexto em que a cor é percebida. Esta relatividade não é apenas um fenómeno relacionado com a cor ou a visão. Em relação ao tacto acontece o mesmo: se tivermos dois recipientes com líquidos a diferentes temperaturas, a nossa percepção da temperatura exacta é alterada pela experiência anterior (ao colocarmos a mão no recipiente com agua quente e seguidamente experimentar-mos o liquido morno, ele vai-nos parecer frio, apesar de não corresponder a verdade).
Importa pois perceber quais são e como funcionam os factores intervenientes na interacção das cores.

A luminosidade poder ser medida em valores exactos, no entanto, os nossos olhos tem capacidades de adaptação a vários estados de luz. Essa capacidade de adaptação rege a nossa percepção da luminosidade das cores, provocando efeitos muitas vezes distorcivos, e alterando drasticamente as cores.
A capacidade que o fundo, em relação a figura, tem de contraste luminoso, pode alterar a nossa percepção da cor. Se o fundo for de um nível de luminosidade mais forte a cor por comparação parecerá menos intensa do que na verdade o é, no entanto se o fundo for mais escuro a figura parecerá de ter um tom bastante mais claro.
Experiências com cores pertencendo à mesma matiz, tornam o exemplo bastante claro, no entanto quando comparamos cores de matizes diferentes a distinção de níveis de luminosidade tornam-se bastante menos perceptíveis, em tais casos só a experiência e a comparação com outras cores pode levar a respostas conclusivas.

A Matiz ou também chamado de brilho tem, como a luminosidade, valores exactos que se encontram no espectro electromagnético, no entanto esses valores, devido a factores fisiológicos, são muitas vezes alterados e percebidos erradamente.
Depois de olharmos prolongadamente para uma superfície vermelha, a cor branca vai-nos parecer de cor cyan ou azul esverdeada. Passado algum tempo o efeito desaparece e os nossos olhos podem ver claramente a cor real (branco).
Com o matiz acontece o efeito de subtracção que o fundo exerce sobre a figura. Qualquer matiz que seja comum ao fundo e figura vai desaparecer ou quase da figura, e vai-se acentuar no fundo. Através deste fenómeno percebe-se que as cores que estão nas proximidades são determinantes para a percepção da cor. É tão importante a cor que escolhemos para determinado objecto ou ambiente como as cores que lhe vão estar adjacentes. Os exercícios de obrigar os nossos olhos a verem duas cores diferentes, quando na verdade são iguais, apenas pela subtracção que o fundo exerce são bastante elucidativos da importância da interacção da matiz na relação entre as cores.

A explicação para este fenómeno esta relacionada com os foto receptores na retina. Ao expormos os receptores principalmente a uma determinada cor, vai provocar que apenas um tipo de receptores esteja a ser usado enquanto os outros estão em repouso. Quando estimulamos novamente todos os três foto receptores o que esteve a ser usado apresenta um “cansaço” em quanto os outros dois estão bastante sensíveis, e durante um certo período de tempo existe um desequilíbrio originando uma percepção errónea nas cores. Não parece ser fácil perceber se esta deficiência acontece propriamente nos foto receptores ou na parte do Cérbero que recebe a informação.

Através do estudo da forma e configuração das figuras em relação a outras figuras e ao fundo, percebemos a importância que este factor tem para descriminação visual. Apesar de não ser um factor que directamente influencia a cor, pode provocar efeitos de percepção que alteram a figura em termos de dimensão e espaço. Quando pretendemos provocar efeitos de transparência através da luminosidade ou brilho o local que as manchas de cor ocupam no campo visual pode se tornar determinante para a percepção de que figura está a ser vista à transparência e qual está a transparecer. No entanto a for ma e configuração só por si possuem regras de interacção que são independentes da cor.

As cores não têm todas a mesma força ou peso. A Quantidade que cada cor ocupa no campo visual vai ser determinante para perceber a influência que terá sobre as outras cores de forma a conseguir criar relações de equilíbrio. Uma mancha de cor de determinada área não tem a mesma força ou peso que duas manchas separadas com metade da mesma área. Podemos portanto dividir a quantidade em tamanho e recorrência.
Apesar de conceitos como peso e força serem altamente subjectivos (como a própria natureza da cor), o estudo e principalmente a atenção que tem de ser dispensada a esta variável da cor torna-se determinante para a sua interacção.

Reacção às cores se é obvio que as cores carregam expressividade, sensações e significados, menos obvio é o valor objectivo dessa mesma expressividade. O significado da cor tem sido caracterizado desde sempre através do uso de associações com o meio em que vivemos (o vermelho é sangue, paixão; o verde regenerador e o azul pacificador), no entanto estas associações muito pouco tem de objectivo e tornam-se muitas vezes opostas quando observadas em civilizações, tempos e áreas geográficas diferentes.
A associação de sentimentos com cores é bastante directa e passa-se a um nível demasiado inconsciente e talvez fisiológico para ser determinado apenas pelo conhecimento. Claridade intensa, alta saturação e comprimentos de onda longos produzem excitação, por comparação com matizes de ondas curtas (azuis) de fraca luminosidade que provocam a imobilidade e interioridade.
Féré (psicólogo) descobriu que a força muscular e a circulação sanguínea aumentam com a luz colorida, azul (menos), vermelho (mais), assim como em experiências efectuadas em pacientes com deficiências neurológicas o vermelho provocava sensação de perda de equilíbrio enquanto o verde diminuía esse efeito. Estas reacções encontram correspondência nas teorias de Kandinsky que afirmava que o círculo amarelo tendia a expandir-se em direcção ao rebordo enquanto um círculo azul provocava um efeito de contracção em direcção ao centro.
No entanto torna-se muito difícil e de certa maneira dispensável tentar criar correspondências entre factos psicofisiológicos e significados que pretendam objectivos universais. Parece mais correcto centrar essa busca (a partida subjectiva e individual) nas regras sociais, história, gosto estético ou em qualquer outra característica que nos pareça importante para a tarefa a desempenhar.

Matisse: “ Se o desenho pertence ao espírito e as cores ao sentidos, deve-se desenhar primeiro para cultivar o espírito e ser capaz de conduzir a cor ao caminho do espiritual.” As lutas entre venezianos (apologistas da cor) e florentinos (defensores do desenho como atitude primária) parece ser uma luta vital e que não se esgotou no sec. 16, o aparecimento do design gráfico veio tornar essa velha questão novamente pertinente. No entanto a melhor definição de cor que posso encontrar é Cor = vida.

2 comments:

MANUAL DE ILUMINAÇÃO said...

o pedro cabral chamou-me a atenção para algumas incorrecções nos valores da temperatura de cor, qe vou rever e sugeriu colocar junto a luminancia as outras principais medidas da luz, que parece-me boa ideia

Marcelo Machado said...
This comment has been removed by the author.